anemic cinema (13)

Lisboa, 2010

anemic cinema (12)

cinema europa, campo de ourique, 2010

 

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Rio, 04.

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Madrid, 08.

Dudi Maia Rosa, sou teu fã.

anemic cinema (11)

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“Moro na Parede, e na Parede existe um cinema ao ar livre abandonado. Incrível, não é? Mais incrível ainda é que muitos dos locais desconhecem o cinema. Ah, não, espera: o mais incrível mesmo é que se diz que dentro da tela de cinema viveram dois imigrantes ucranianos. Haverá casa melhor?”

Obrigado à minha cara realizadora Joana Barra Vaz, pela descoberta e por sublinhar que não há, mesmo, casa melhor.

(literalmente) Parede, 2009

…you keep trying to find a way out of the difficult situation you’re in, you’re in a labyrinth. But what you have to do is, (long silence) – don’t panic. ‘Cause you are in the enchanted forest. You have stumbled into the forest, and you think, “fuck, I’m in the forest”. First thing – do not panic. Make a decision: wich way to walk, not all ways. And choose something, and build on it. Add, go deeper, see what it is, keep… keep after it, and see what it is.

Sean Scully.

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Beja, 2009

(cinema ao ar-livre, único?)

I knew I was going to be a professional the day I first became practical.
Practicality took the form of copying out my music neatly, keeping
my desk tidy and organized — all the unimportant things that seem
unrelated to the work, yet somehow affect it. Through the years that
passed since then, I have always found it more beneficial to experiment
with fountain pens than with musical ideas. I remember for a time I had
an idée fixe that if I found the right chair to work in, all compositional
problems would become nonexistent. I actually found that chair…
walking in Chinatown one day with Robert Rauschenberg. It was an
old-fashioned accountant’s chair, tall and sturdy, with the word
“Universal” printed in gold letters across the back. Rauschenberg
found a chair, too, I remember. An elegantly lean chair with
a fast-moving seat. I thought it was very much like him.

Some Elementary Questions, Morton Feldman

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vale de cambra, 2009

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ovar, 2009

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almancil, 2009

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julius bissier

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Renoir once said the same color, applied by two different hands, would give us two different tones.
In music, the same note, written by two different composers, gives us – the same note.
When I write a B flat, and Berio writes a B flat, what you get is always a B flat.
The painter must create his medium as he works. That’s what gives his work that hesitancy,
that insecurity so crucial to painting. The composer works in preexistent medium.
In Painting if you hesitate, you become immortal. In music if you hesitate, you are lost.

Some Elementary Questions, Morton Feldman

“Segundo Plínio, a arte da pintura surgiu na Grécia, com o desenho do contorno da sombra projectada sobre o muro daquele que vai viajar, delineado por aquele que fica. A sombra é sinal, vestígio, presença de uma ausência que não ser quer, ou não se pode, esquecer.”

Paulo Pires do Vale, Uma Fenda no Mundo

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I think the kind of ambience, the energy, the aggression,
and the feeling, the optimism in the paintings brings on an air of ceremony.
But I’ve always tried to grasp the essence of the material as it manifests itself.
I’ve always tried to respect the integrity of the material. I go in 50-50.
I see myself as an instrument. I’m here, the medium’s there, and the success
of the painting is based on the marriage between the two of us.
I’m never at a point where I’m in charge of anything.
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As a matter of fact I don’t really like op art. Because I can’t look at it.
I don’t like having something control me that way. But I use colors as imagery,
the way figurative artists use imagery, that’s the way I use color.
My whole thing is about synthesis. If I put something in a painting
it has to have a role, it has to work, its got to do something,
otherwise it’s going to come out, or I’m gonna highlight it
or I’m gonna tone it down. So the painting, if it jars a little bit
or it moves a little bit, sometimes I want that. Most of the stuff
that I do when it comes to materials and methods and techniques
is 3,000 years old, but the way that I’ve transformed some of those procedures
over the years, I’ve learned a lot.
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The best art is still in the shadows. I do think there’s an underground.
James Little. Ceremonial, agressivo, optimista, underground. Um pintor de agora.

Aí estas tu à esquina das palavras de sempre
amor inventado numa indústria de lábios
que mordem o tempo sempre cá
E o coração acontece-nos
como uma dádiva de folhas nupciais
nos nossos ombros de outono
Caiam agora pálpebras que cerrem
o sacrifício que em nossos gestos há
de sermos diários por fora
Caiam agora que o amor chegou

(Ruy Belo)

Palavra das mais belas é cachoeira (só de dizer cai), água-som, palavra irmã
de corpos. Havia uma fazenda atravessada por um ribeirão, de pedras negras
e grandes deitadas nas margens (nós deitados em cima delas sentiamos o sol
negro e quente nelas), borboletas de asas concretas – amarelas, verdes –
monocromáticas, em enxames, brilhos de som. Borboletas-pétalas-de-cachoeira.
Asas pretas, vermelhas, e brancas, todo um programa pictórico. Na grande sala
da casa, muito alto, negro, aberto, lento, um móbile do Calder, nocturna e não
menos solar grande borboleta. Soube esta semana que o pintaram às cores.
Merda pra isso. Grandessíssima porcaria.

Lá fora a cachoeira e o milagre das borboletas, móbile versão líquida.
Resta-me o Hermeto Pascoal das lagoas eloquentes que eu mais desejo.

Não é vídeo – é vida.

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Paul Mogensen, woodblock with gold-leaf.

Hope imagina o corpo nu de Kathryn – a curva que lhe traça a anca e transforma
em coxa, os seios de mamilos rosados, flutuando-lhe sobre as costelas,
o triângulo púbico de puro e negro marfim e oleoso como numa tela de Corot –
e tudo isto num instante, mas logo renuncia à imagem: é próprio da criatura.
Hope sempre tivera consciência de que fora a sua susceptibilidade à beleza que
a mantivera como artista de segunda. Os grandes ultrapassam a beleza, depois
desdenham-na como os santos do deserto desdenhavam as visões de
concupiscência e comodidade: o mundo como recompensa do Demónio.

(John Updike)

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Évora, 2009.

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Lisboa é este grafiti.

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Quem passa na Calçada da Estrela nem desconfia. O estúdio é uma
caverna – é uma clareira.  Começa cedo, às primeiras pinceladas sente-se onde
vai dar a pintura. Todavia é uma surpresa o fim – e falta tanto para o fim:
só acaba quando nunca acaba. Assim como uma bandeira nunca acaba. É sempre
um “vamos ver”. Ir até à cor concretamente, que é ir de olhos, de corpo, ir com
tudo, até pra lá da cor. Física. Ir indo. (Pintura é ir indo).

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Na pintura do Pedro, como na canção do Caetano, ‘a terra inspira e exala os seus
azuis’ – e é mesmo isso: terra, sombra queimada, vermelha, de Siena, de Marra-
quexe, do sul. Terra azul. Branca. Gris. Daqui.
Azul-rei. Azul mediterrâneo – mas por ser uma pintura oblíqua ao Mediterrâneo
o mar é ocre, é cor de pele ao sol, é cor dos muros levantados de chão. Mar
vertical. Cor de terra natural. Cor de terra tecnológica. Que isto é pintura: viva
feito um mar vivo. O mar – um deserto! (Para chegar à beira do que disse
Marina Tsvietaiéva ao escrever sobre a pintora russa Natália Gontcharova:
‘o deserto – um oásis!’). Talvez por essa via mediterrânica-oblíqua, este seja
um pintor português. Como se isso lhe interessasse! Estrangeiro no seu
próprio estúdio.

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‘Deslizo,
oculto aqui,
vigiando o oco do tempo.
Espaço ermo, parado.
Nada acontece. Nada parece acontecer.
Mas algo flui, o irremediável,
queimando todas as pontes de regresso.’

(Waly Salomão)

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No sábado, 21 de março, Pedro Chorão inaugurou não uma, mas duas
exposições: uma no Fundão, na “Moagem”, a outra em Castelo Branco,
na “102-100”, e como se isso fosse pouco, lançou um livro (Pintura
1971-2009).
Pedro Chorão é uma espécie de Morandi que viajou. Ou um Jasper Johns para
outras bandeiras. É um Henrique Pousão Índico. É um Julius Bissier de manhã
cedo, Atlântico.

Pintura é não voltar mais. É vigiar. Através.
Tô no ir.

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Paris, Lisboa, 2009.

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Color participates in energetics by its weight.

Lyubov Popova

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Peso da Régua, 2008.

All bodies are susceptible of color; it can either be excited, rendered intense, and gradually fixed in them, or at least communicated to them.

Goethe, Theory of Color.

o céu escolhe o mar conforme o azul
na esquina do cine-clube
apareceu brilhando a virgem maria
(com vosso sorriso lindo
vinde nos levar para o paradiso)
rubra morna, negro fado
bossa rosa, verde cabo

Assomada (Ilha de Santiago), Cabo Verde, 1997.

Para o Pantera (que eu estaria longe da música sem ele).

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Lagos, 2003.

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Costa Nova, 2002.

Lourdes Castro : luz descalça.

A pele da pintura é o seu sistema nervoso.

Pisemos as faixas do bus desse mundo afora.

É uma festa esta claridade.

As manchas pretas e brancas de uma vaca: via láctea.

Pintura-parede?

Stevie Wonder escrito numa t-shirt. Os Quais num crachá. Os Pontos Negros numa mini-saia. A Fúria do cinzento. O vermelho vivo não tem dono. Caetano é um véu.

Dêem-me um muro.

I would prefer to be invisible: Laurie anderson.

Domenico Lancellotti: Estou vivo / Sou um fio de cabelo / Entre dois planetas

Pintura-parede!

Avenida é o nosso nome.

Quem me mostrou o fogo de Cézanne não foi um cineasta francês nem um cubista espanhol muito menos um poeta inglês: foi um muralista da Califórnia.

Dêem-me um murro.

Um pintor com nome de gangster encostou a pintura à parede: Blinky Palermo.

Nada mais concreto que “escrever para acabarcomeçar com a escritura”: Haroldo de Campos.

Para Morton Feldman “a luta é entre esta sensualidade que é a elegância, e a novidade (mais fácil de atingir) excitante.”

Carmen Miranda baixou em mim.

Faço pontaria a uma outra coisa.

Preciso de um vibrafone. Hoje!

Nomes flores*.